A ansiedade é uma criança assustada que acredita em grandes monstros.
Que olha o armário e não enxerga nele roupas, mas a possibilidade de
que algo saia de lá e a engula.
O calor do mundo a assusta. Ela
acha que o sol pode queimá-la dolorosamente, em um caminho letal e sem
volta. Ninguém contou a ela que o mesmo sol que queima é aquele que
também dá a vida.
A ansiedade é uma criança que vive em nós, a
chorar o vazio de perguntas sem respostas. A ansiedade é uma criança
sozinha, desprendida da mãe, que desconhece o próprio pai. É uma criança
interior que se vestiu de susto. É uma criança órfã e há no mundo
tantas crianças órfãs a habitarem adultos, tantas quanto podemos
imaginar. Crianças sedentas por provarem o mundo, mas encharcadas pelo
suor de um pavor desconcertante.
A ansiedade é uma criança que
estende suas frágeis mãos em busca de uma razão que alimente o melhor
nela. Ela quer uma palavra que lhe dê forças para enxergar o que vem
depois do medo. Ela é uma criança que precisa saber o que acontece
depois que o lobo foge, depois que a bruxa aparece, depois que as
estrelas caem.
A ansiedade é uma criança interior que pede trêmula
que a abracemos. Pede por nosso carinho e aceitação. Pede que vivamos a
vida para lhe darmos as respostas que só a experiência pode dar.
A
ansiedade quer ter certezas para deixar de ser criança. Ela quer
crescer, quer experimentar, mas precisa do adulto para ensiná-la a
felicidade no acerto e a superação no erro.
A ansiedade não sabe,
mas quer saber. A ansiedade quer se transformar em algo que não seja
susto e desespero. Ela quer ser segurança, quer ser calma e paz. Essa
criança interior quer desesperadamente viver o mundo.
Ela depende
unicamente de você para conhecer o erro, o acerto e a superação. Para
saber sobre finais e recomeços. Para entender que não é o fim.
Não é o fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário